Todas as formas do Sonho
Antes de me perguntarem se eu faltei na aula de língua portuguesa por causa do Sonho com S maiúsculo do título, esclareço que este post não tratará de psicologia, oráculos ou culinária, mas de cultura.
Isto é, para aqueles que não reconheceram imediatamente do que se tratava, porque, se você teve o privilégio de ter acesso a uma banca de jornal no comecinho dos anos 90 reconheceu as ilustrações de um dos marcos da história da DC Comics e dos quadrinhos para adultos: Sandman.
Naquela época a gente não sabia teclar aos 4 anos de idade, não comprava coleções inteiras pelo Submarino e sofria a angústia de esperar alguém resolver distribuir o selo Vértigo da DC para que pudéssemos pôr as mãos e os olhos no que de mais recente saíra da pena de um grande contador de histórias: Neil Gaiman.
Daquela cabeça britânica saíram histórias que nos faziam pensar por dias a fio - Será que esse cara é um Vórtice? Este gato não está com uma cara muito estranha, enquanto dorme? Como se tocados pela alva mão de Lord Morpheus fechávamos a revista e continuávamos a sonhar...
Falar da obra de Neil Gaiman é redundante e inútil, é necessário conhecer para julgar por si só. Com ilustrações de feras como Milo Manara, Mike Dringenberg, Malcolm Jones III e Steve Parkhouse, é preciso ser muito ranzinza ou obtuso para não se render.
A história mistura cultura clássica com a velocidade contemporânea, antes de God of War, muita gente resolveu aprender mitologia com Sandman. Questões ancestrais como, por exemplo, o que é o inferno de cada um eram levantadas por um protagonista que era a cara do Robert Smith do the Cure, frequentemente acompanhado de uma mocinha que era a cara da Siouxsie, do Siouxsie and the Banshees - a Morte.
Os sete Perpétuos: Death, Dream, Destiny, Delirium, Despair, Destruction e Desire foram temas de histórias separadas e outras convergentes, e na época não havia fã da série que não se rendesse a uma característica qualquer de seu personagem preferido. Fosse o ank usado pela Morte, fosse o cabelo multicolorido de Delírio, fosse a capona preta do Sonho, e toda uma geração se reconhecia por essa simbologia, muito antes da triqueta de Charmed, ou dos brasões das Casas de Harry Potter.
Hoje lendo um artigo sobre o lançamanto em agosto deste ano de Stardust - filme baseado na obra homônima de Gaiman - comecei a lembrar de que nem só de rebeldia foi feita minha adolescência e resolvi escrever sobre Morpheus - este também antes de Matrix. Mas a verdade, é que não existe uma forma de conhecer Sandman sem ler Sandman, por isso se quiser conhecer todas as formas do Sonho procure ler tudo, mas tudo mesmo que conseguir encontrar dos 75 números da série.
Depois disso, só não me culpe por nunca mais ver um dia chuvoso da mesma forma...
A Dream of a Thousand Cats
Labels: cultura, Neil Gaiman, Sandman
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